Apresentação
AMOR BANDIDO
Eurídice gostava de apanhar. Aliás, gostaria! Porque a coisa só acontecia em sonhos. Neles, seu marido batia nela, sem dó nem piedade, e ela ainda pedia mais. Rolava na cama de prazer, entre bofetões e tapas. Urrava de dor, chorava, gritava e ainda pedia mais.
O marido, coitado, não sabia o que fazer. Todos os dias, Eurídice pedia que batesse nela. Ele, dois metros de altura, forte como um touro, não era suficientemente covarde para bater em mulher, ainda mais em Eurídice, que era miúda e pesava quarenta e poucos quilos.
Ela cansou de esperar e arranjou um amante. Entre tapas e beijos, sentiu-se mulher. O amante passou a bater cada vez com mais força e com prazer. Eurídice, coitada, cada dia mais roxa, queria sempre mais.
O marido, desconfiado com o ar de felicidade da mulher, contratou um detetive, e quando soube do amante, ficou possesso. Comprou até um revólver para acabar com os dois. Pegou o casal, em flagrante, num motel. Chorava tanto que não conseguiu atirar. Eurídice aproveitou e lhe tirou o revólver. Ouviu-se um tiro!
Quando o delegado lhe perguntou porque matara o marido, ela disse que gostava de homem macho, que o marido era delicado demais com ela, que a enchia de presentes, que era carinhoso, que era bom de cama, mas não entendia que ela, para se realizar, tinha que receber uns tapas, uns sopapos.
- Que é que eu posso fazer, doutor. O que eu gosto mesmo é de apanhar.
Está presa no Talavera Bruce, onde arranjou uma companheira que lhe faz todas as vontades. Apanha todos os dias!
Esse caso não aconteceu na favela. Foi na Barra da Tijuca, entre os emergentes!
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