ELES, EU, OUTROS
Autor: Iosif Landau
Gênero: Poesia
Num. páginas: 162
Versão Digital: R$ 10,12
Versão Impressa: R$ 20,24
 
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Apresentação

Após ler dois de seus romances, O Comissário Alfredo e Encontro em Salvador, eis que me deparo com um novo aspecto da sua literatura: a poesia. Passo então a visualizar dois entes diferentes: o poeta e o romancista. Falar de qual gosto mais é irrelevante. Mas o poeta se distingue, se individualiza, se permite enxergar melhor em sua essência. Desnuda sua alma e sensibilidade. Chora em palavras.
Vivi bons momentos lendo o poeta Iosif Landau. Devo dizer que fui tocada por sua alma e visitada pelo seu pensamento questionador do mundo que o cerca. E me permito falar de um ponto de vista muito pessoal tendo a certeza, contudo, de que cada leitor que tiver o privilégio de conviver com este livro, seguramente se lançará numa aventura literária e sentimental, co-participando da experiência de envolver-se pela paixão, pela alegria, pela tristeza e pelos embates com uma vida tão intensamente vivida.
A poesia de Iosif Landau é sinalizada pela paixão, desencontros e tantos amores : os eternos ou os fugazes de um dia:
mas por que ela? por quê?
a rua do mundo é longa, larga
cheia de todas as pessoas do mundo
ouço vozes das pessoas do mundo
amam e riem
eu amo e choro

...pela eterna procura de Deus, como explicação para os dramas todos da vida ou como a grande porta que nos possa levar à felicidade:

o dono do universo
nos abandonou desnudos
se mandou para onde?
não deixou nem anjos
interditou o caminho do Paraíso

No contexto existencial, a preocupação com um tempo passado leva o poeta a fragilizar-se nas situações de ausência real ou de perdas:

Sinto medo dos sonhos,
neles
parentes, amigos falecidos
andam, gesticulam,
falam línguas estranhas,
seus risos são contidos,
se dedicam a estranhos rituais,
um de cada vez se aproxima,
triste, feio, solitário,
segreda - me baixinho
“vem brincar comigo”
ai, meu Deus!
um outro mundo existe?

Sua sensibilidade, poeta, consegue captar a sutileza das emoções e dos sentimentos humanos, sobretudo nas reações amorosas de prazer e de plenitude, alcançada em momentos de êxtase sexual entre dois parceiros, contextualizados na dimensão do corpo, nos imperativos do desejo e no jogo das paixões.

Beijamos
fico interessado,
nossas línguas se tocam
sinto desejo,
desabotôo sua blusa
sinto arrepio,
toco seus seios
ouço gemido,
o abraço
nos deixa inquietos,
deitados, entrelaçados
seu sexo úmido se oferece,
o mergulho nele
delírio,
luz do mundo;
Ô, Vênus Afrodite
minha Deusa Branca,
tenha compaixão,
me molha de amor,
lava meus pecados...

Por fim, resistindo à tentação de citar outros versos de que mais gostei, devo dizer ainda que viajei com você na visita poética aos seus amigos, pessoas de hoje e de ontem a quem admira, os que estão na terra e os que já se foram. Compartilhei sua preocupação com o rápido passar do tempo, com a saudade de momentos mágicos que se foram e não voltam mais. E emocionei-me com o maravilhoso poema escrito para a sua mãe, onde expressa todo o seu amor pela criadora de seus dias, aquela que você não chegou a conhecer mas a amou intensamente:

Vejo o caixão fechado,
não vejo seu sorriso.
Lhe deram o último cigarro,
o bombom de chocolate?
A bolsa de lésard com quinquilharias
estava ao seu lado?
Suas unhas estavam pintadas
cor de sangue?
Seu cabelo branco estava azulado,
como você gostava?

Iosif, sua poesia tem tudo a ver com o grande mistério da existência humana. Impacta e emociona.

Nilze Costa e Silva
 
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